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"Soy un bicho de la tierra como cualquier ser humano, con cualidades y defectos, con errores y aciertos, -déjenme quedarme así- con mi memoria, ahora que yo soy. No quiero olvidar nada."



José Saramago

viernes, 4 de enero de 2008

POEMAS DE ANDRÉS MORALES EN PORTUGUÉS


Tradução de Antonio Miranda







SOU O NOVO CIDADÃO DA MORTE

Sou a pátria da dor e seu punhal.


(do livro Lázaro siempre llora. Santiago de Chile, 1985)



(Adriático en Dubrovnik)


Este mar este mar Este Mar

Único perfeito conjugado
navegando perpétuo em seu descanso
cerimônia rito de linguagem

Aqui está a face das horas
o braço que recorre e não respira

(Eu vi como o sol em sua cadência
adivinha o arrebato a partida)

argonautas que regressam com maçãs
lírios ilhas nas mãos
e o peso de meus olhos em sua viagem

Aqui o mar completo em sua desnudez
frágil terrível corpo inteiro

Aqui converge o sangue por seu sangue
e rompe o sol seu centro pressentido


(A Jaime Siles)



*


Tudo é fala que persegue palpitando no dito
Todas estas bocas grandes que pronunciam cegas ondas
este longos circunlóquios estas amplas sinalefas
E nos marcam assinalam nos acusam nos inundam

A paisagem não mudou

E são outras as palavras


(Do livro Ejercicio del decir. Santiago de Chile, 1989)



ORÁCULO

—Não há fortuna mais clara que a íris de meu olho,
perguntem aos filhos que vão chorando terra,
detenham-se no mar a respirar seu vôo
e o sol é transparece e geme e não aparece.

A adivinha fecha seus olhos e crepitam
os dentes e sua língua, mal humorada, seca.

— A roda volta sempre ao centro de seu céu
e tudo se detém e fala e permanece.

—Despida no desvão irá tecendo sempre,
Talvez nunca regresse seu amante da guerra
e dançarão os anos e sem reconhecer
os troços de metal, a colunata, o mar.

— Depois vejo silêncio e um grito despiedado.
O sangue descobriu seu próprio peso oco.
Para além do incêndio e o cavalo cônsul
e mártires que cheiram a glória voluntariosa.

... Há nuvens em minhas sobrancelhas e peixes,
há planetas...
Posso ver a pista como se desfigura e cai.
A lua se avizinha, o anjo se avizinha.
Dois mil sinos ferem, cravam em meu ouvidos
e Jericó se rende e a águia perece
enquanto o touro foge atrás dos leões.

Penúltimas notícias, Os arautos correm:
Tombou Roma, Tenochtitlán o Cuzco.

— Outra vez o pranto recorre meus anéis.

— A polícia aguarda detrás das muralhas,
não em escapatória, me arrastam com enxofre,
me forçam, me condenam, me beijam no rosto.

— Afastem os espelhos, avivem esse fogo!


— A fome me comove e sinto como voam
os corvos em minha boca, enlouquecidos meus.

—Por que jamais anuncio o que se escreve ontem!

... Há nuvens em minhas mãos,
Lembro apenas do mar...


(A Gonzalo Rojas)

1 comentario:

Montserrat Nicolás dijo...

queridisimo poeta,
perdí su mail.
queria agradecerle mucho más.
un abrazo -desde la distancia- por su generosidad de otra infinauta que espera su contacto.