Sou a pátria da dor e seu punhal.
(Adriático en Dubrovnik)
Este mar este mar Este Mar
Único perfeito conjugado
navegando perpétuo em seu descanso
cerimônia rito de linguagem
Aqui está a face das horas
o braço que recorre e não respira
(Eu vi como o sol em sua cadência
adivinha o arrebato a partida)
argonautas que regressam com maçãs
lírios ilhas nas mãos
e o peso de meus olhos em sua viagem
Aqui o mar completo em sua desnudez
frágil terrível corpo inteiro
Aqui converge o sangue por seu sangue
e rompe o sol seu centro pressentido
(A Jaime Siles)
Tudo é fala que persegue palpitando no dito
Todas estas bocas grandes que pronunciam cegas ondas
este longos circunlóquios estas amplas sinalefas
E nos marcam assinalam nos acusam nos inundam
A paisagem não mudou
E são outras as palavras
(Do livro Ejercicio del decir. Santiago de Chile, 1989)
ORÁCULO
—Não há fortuna mais clara que a íris de meu olho,
perguntem aos filhos que vão chorando terra,
detenham-se no mar a respirar seu vôo
e o sol é transparece e geme e não aparece.
A adivinha fecha seus olhos e crepitam
os dentes e sua língua, mal humorada, seca.
— A roda volta sempre ao centro de seu céu
e tudo se detém e fala e permanece.
—Despida no desvão irá tecendo sempre,
Talvez nunca regresse seu amante da guerra
e dançarão os anos e sem reconhecer
os troços de metal, a colunata, o mar.
— Depois vejo silêncio e um grito despiedado.
O sangue descobriu seu próprio peso oco.
Para além do incêndio e o cavalo cônsul
e mártires que cheiram a glória voluntariosa.
... Há nuvens em minhas sobrancelhas e peixes,
há planetas...
Posso ver a pista como se desfigura e cai.
A lua se avizinha, o anjo se avizinha.
Dois mil sinos ferem, cravam em meu ouvidos
e Jericó se rende e a águia perece
enquanto o touro foge atrás dos leões.
Penúltimas notícias, Os arautos correm:
Tombou Roma, Tenochtitlán o Cuzco.
— Outra vez o pranto recorre meus anéis.
— A polícia aguarda detrás das muralhas,
não em escapatória, me arrastam com enxofre,
me forçam, me condenam, me beijam no rosto.
— Afastem os espelhos, avivem esse fogo!
— A fome me comove e sinto como voam
os corvos em minha boca, enlouquecidos meus.
—Por que jamais anuncio o que se escreve ontem!
... Há nuvens em minhas mãos,
Lembro apenas do mar...
(A Gonzalo Rojas)
1 comentario:
queridisimo poeta,
perdí su mail.
queria agradecerle mucho más.
un abrazo -desde la distancia- por su generosidad de otra infinauta que espera su contacto.
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